Papa do Vintage: Jeff Lhenacho

O especialista em vintage Jeff Ihenacho, de 41 anos, recebeu-me para a entrevista numa salinha apertada de sua loja One of a Kind, em Notting Hill. Forrada de araras e armários, a salinha é um recanto exclusivo da loja, cuja entrada de clientes só é autorizada com hora marcada. Nela, Ihenacho mantém, como verdadeiros tesouros, as roupas e acessórios vintage mais valiosos que angariou ao longo dos 14 anos da One of a Kind. Os preços das peças dão uma idéia de sua relevância histórica: um vestido Emilio Pucci e outro Valentino, cada um vendido a 50 mil libras (cerca de 150 mil reais), um Ives Saint Laurent de 30 mil libras (90 mil reais), fora bolsas e outros acessórios cujos preços ultrapassam 10 mil libras cada. Há também peças sem preço, como algumas criadas pelo estilista britânico John Galliano durante sua graduação da universidade de moda. “Essas eu não vendo nem para ele, caso um dia ele as queira para montar um arquivo pessoal”, garante Ihenacho. Segundo ele, essa é a essência do vintage: uma exclusividade tão radical que, às vezes, nem o dinheiro compra.
Com a palavra: Jeff ! ! !

Quando você começou a trabalhar com moda?
Eu vim para Londres em 1985, mas comecei a trabalhar com moda em 1993. Eu comecei comprando roupas para pessoas como designers, que buscavam peças que inspirassem suas coleções, e outras apaixonadas por moda, e que tinham muito dinheiro. As pessoas confiavam no meu gosto, no meu olhar para roupas de qualidade, e por isso me encomendavam as peças.

E de onde veio essa sensibilidade para moda?
Quando era criança, ainda na Nigéria, era um menino excêntrico, e de alguma forma sempre tive interesse por moda. Nos meus uniformes da escola eu procurava colocar alguma cor, modificar o uniforme – e fui muitas vezes punido por isso. Quando vim para Londres, minha mãe me levava aos mercados de Portobello Road e Bricklane, e outros lugares conhecidos pelo vintage. Ela entendia muito de moda, era uma pessoa elegante, e sempre misturava vintage com moda contemporânea. Eu absorvi tudo isso dela.

Quais características diferenciam uma peça vintage de uma contemporânea?
Sem dúvida, a qualidade da fabricação e o caráter único das peças vintage são suas principais características. É claro que existe o vintage barato, mas o mais comum é que ele tenha sempre alta qualidade. Quando você toca e vê essas peças percebe logo que elas foram feitas para durar. Às vezes uma peça tem 50, 60 anos, e está em perfeitas condições. Antigamente, a produção das roupas era quase artesanal, detalhista, as pessoas tinham verdadeira paixão pela costura e pela moda. Hoje em dia a quantidade é tão ou mais importante que a qualidade, daí que as roupas sejam produzidas em massa, apenas por máquinas, sem a preocupação das grandes empresas com a exclusividade.

Onde você encontra tantas peças para abastecer sua loja?
Eu busco muitas fontes privadas, de particulares, como estilistas, senhoras elegantes, pessoas que me ligam de outras partes do mundo para oferecer as roupas têm. Também vou a mercados, brechós e leilões. Gosto de conhecer o fornecedor, de saber mais sobre a peça, o material de que é feita, como foi feita, por quem foi usada, histórias específicas sobre a roupa. Essas informações acrescentam mais caráter à peça e os clientes gostam de saber desses detalhes.

Você prioriza marcas famosas?
Não. As roupas não precisam sequer ter marca, precisam é ser muito boas, excepcionalmente boas.

Quantos óculos você tem aqui?
Tenho milhares, desde as décadas de 40 até 80. Tenho óculos em casa também, enfeitando meus móveis, são parte da minha coleção pessoal e esses eu não vendo. Muitos estilistas e designers vêm à minha loja buscar inspiração para novas coleções, e muitos dos óculos contemporâneos têm sua fonte inspiradora em modelos vintage.

Você poderia citar alguns dos grandes designers que buscam inspiração para óculos na sua loja?
Profissionais da Dolce & Gabbana, Police e Armani estiveram aqui recentemente. A maioria dos designers que compram roupas aqui tendem a comprar acessórios também.

Parece que os londrinos têm um especial interesse por vintage. Existe alguma coisa no ambiente de Londres que talvez promova essa moda?
Em termos de moda, a Itália tem o design e a França (Paris, especificamente) tem o glamour. Mas Londres é quem fornece a inspiração para a criação. Londres é a cidade com mais apelo à moda e à inspiração criativa por seu aspecto cosmopolita, pela mistura de culturas do mundo inteiro em uma mesma cidade; tudo é mais colorido e interessante aqui. Depois, os ingleses gostam de originalidade, e o vintage, com suas peças únicas, oferece isso, essa exclusividade. Você nunca está igual a ninguém quando está usando uma peça vintage.

Você acha que o vintage é uma moda perene ou que tem data para acabar?
A moda vintage está aí há muito tempo, o que acontece é que as pessoas estão mais atentas a ela só agora. E sempre haverá gente ligada às roupas históricas, à qualidade dessa moda única.

Halloween Fashion !!!


Todo mundo na montacion macabra,medonha e do hell heim!!!!!

Brechó Vintage


No sábado 26 a estilista Fernanda Ferrugem lançou brechó Espaço Ferrugem, no Guará II. Batizado de Ferrugem Vintage. O espaço reune peças vintage que vão dos anos 50 até os 90, garimpadas pela própria estilista, além de itens de coleções passadas da marca.